Este Dia da Terra é uma oportunidade para refletir sobre o trabalho de pessoas corajosas que arriscam suas vidas lutando por um mundo em que as pessoas e o planeta possam prosperar.
Eu pessoalmente gostaria de homenagear Osvalinda Marcelino Alves Pereira, que tristemente faleceu por motivos de saúde há pouco mais de uma semana. Eu a conheci em 2018, quando ela era uma pequena agricultora no pequeno município de Trairão, no estado do Pará, no coração da Amazônia brasileira.
Quando conheci Osvalinda, ela morava em um assentamento criado pelo Incra, mas foi forçada a sair de sua comunidade após sucessivas ameaças de morte desde que fundou uma associação de mulheres em 2011, e passou a enfrentar madeireiros ilegais.
Enquanto ainda vivia em sua comunidade, Osvalinda obteve apoio de uma organização não governamental ambiental para desenvolver práticas sustentáveis de agricultura orgânica e reflorestar áreas desmatadas. Um grupo de madeireiros ilegais que explorava a área disse para Osvalinda parar. Ela não parou e eles começaram a ameaçá-la. Mas ela persistiu e denunciou repetidamente o problema às autoridades e à polícia. As autoridades não fizeram nada para proteger Osvalinda e sua família, que precisou sair do local para se proteger em 2018.
Dois anos depois, ela voltou pra casa, mas novamente recebeu ameaças de morte. Mesmo nessas circunstâncias, ela nunca desistiu e me disse várias vezes nos últimos seis anos que não pararia de defender a natureza e a floresta, que ela descreveu tantas vezes como “sua casa”.
Em 2020, Osvalinda foi a primeira brasileira a receber o Prêmio Edelstam, o qual reconheceu que ela havia se posicionado destemidamente contra as redes criminosas no seu trabalho de defender a Floresta Amazônica”, contribuindo com os esforços do Brasil para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e ajuda a mitigar o aquecimento global.
Ativistas ambientais sofrem cada vez mais perseguição, intimidação, ameaças ou violência letal por defenderem o planeta, sejam trabalhadores e trabalhadoras rurais, povos indígenas, pessoas de outras comunidades da Amazônia ou jovens ativistas protestando nas ruas da Europa e dos Estados Unidos. Indivíduos como Osvalinda, que colocam suas vidas em perigo para proteger nosso mundo, nossas florestas e o meio ambiente merecem o forte apoio da comunidade internacional de direitos humanos ao enfrentarem uma das questões mais urgentes do mundo.